Saturday, November 11, 2006

A culpa foi da febre dos fenos e dos pólenes das florzinhas…


A Primavera estava no seu início – os passarinhos faziam os seus ninhos e a cor verde começava a brotar um pouco por todo o lado – quando Josh Rouse decidiu lançar mais um disco, convicto de que, lá para o Verão, já meio mundo andaria a comentar e cantorolar as suas novas melodias.
Não se podia ter enganado mais, o senhor Rouse. Não só já passaram Primavera e Verão, como o Outono corre a uma velocidade assustadora e… (suspiro profundo) … não se ouve nada. A verdade é que “Subtítulo”, a mais recente criação do cantautor norte-americano, passou ao lado da beleza e genialidade do seu antecessor, “Nashville”.
De facto, se em “Nashville” se escutava uma agradável conjugação de pop melódico, country e folk, em “Subtítulo” há pouco mais que o restolho disso mesmo. No novo álbum – que é também o primeiro que Rouse grava desde que se mudou para uma cidadezinha do sul de Espanha – insiste-se no pop lavadinho (sem nada a esconder), fazem-se uns ameaços de bossa nova… e é tudo. Verdade seja dita: ao longo das dez faixas (e dos curtos 33 minutos) do disco, não há nada mal feito, mas também não há nada surpreendentemente novo.
Assim, em músicas como “Wonderful”, Sumertime” ou “Quiet Town” pensamos que bem poderíamos estar a ouvir uma qualquer faixa escondida de “Nashville” (daquelas mais insonsas, que não se colaram ao ouvido). E nas restantes, seja o pianinho de “Jersey Clowns”, a agradável instrumental “La Costa Blanca”, ou qualquer umas das outras melodiazinhas, não há nada que nos faça arregalar os olhos de surpresa ou contentamento – exceptua-se, com um pequeno parêntesis, a atraente “Givin’ it up”.Portanto, resta-nos guardar este disco de verão gravado em piloto-automático na gaveta das promessas adiadas, e esperar que na próxima Primavera o senhor Rouse nos brinde com algo melhor – até porque não duvidamos que ele seja capaz de fazê-lo.

Josh Rouse
Subtítulo
Bedroom Classics / distri. Edel, 2006
5/10